Ah estúpido silêncio!
Havendo o que falar,
Nada foi dito.
Nem um mísero vestígio
De protesto, ou revolta.
Nunca vi na vida
Um calo que calasse,
Mas se calaram.
Talvez sem saber
Que o mudo não muda nada
Quem se conforma
Acaba se deformando
Quem não grita
Não se livra dessa maldita
Prisão do silêncio
Que, sendo invisível,
Cega os olhos,
Inodora, sufoca a alma,
Impalpável, nos esmaga,
Incolor, nos eclipsa.
E assim mudos, cegos,
Sufocados, esmagados,
Eclipsados, destruídos
Seguimos a dama de negro
E foice na mão.
Para um lugar
Inglório, irrisório,
Vergonhoso, no qual
Encontraremos nossos irmãos
Igualmente mudos e tolos.
Todo conhecimento é autoconhecimento
Há 10 anos